Em 1º de janeiro deste ano, o governo federal recompôs parte da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), reduzida integralmente ou pela metade (conforme a motorização do veículo) em 21 de maio de 2012. A previsão era de que voltasse ao normal em 1º de julho, o que significaria um aumento nos preços entre 1% e 4%, conforme o modelo. Mas pressionado pelos altos estoques das montadoras, o governo mais uma vez decidiu por abrir mão de parte da arrecadação, congelando as alíquotas do IPI e evitando o aumento. Mas o troco não tem sido nada ameno. Levantamento feito pelo caderno Vrum mostra que desde janeiro, muitos modelos – incluindo alguns que estão sendo substituídos – subiram 5% ou mais, ou seja, o aumento imprimido pelos fabricantes durante o ano foi maior do que se as alíquotas do IPI tivessem voltado ao normal. A alta também foi superior à da inflação, que de janeiro a julho ficou em 3,76%, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA geral).
Os preços hoje também são superiores aos praticados em 20 de maio de 2012, um dia antes da redução do IPI. Na época, vinculado à redução do imposto, as montadoras foram forçadas a uma contrapartida que implicou diminuição em até 2,5% dos preços na tabela sugerida, além da queda do IPI. Na prática, isso resultou em preços até 10% menores. Pouco mais de dois anos depois, a redução não significa mais nada, apesar de parte do imposto ainda se manter reduzida.
É importante ainda acrescentar que houve nesse período duas recomposições parciais do IPI, em 1º de janeiro de 2013 e de 2014, e a obrigatoriedade de freios ABS e airbag duplo a partir de janeiro deste ano, o que também impactou nos preços em janeiro. Por isso, a reportagem decidiu por uma comparação em quatro momentos distintos (veja quadro): preços em 20 de maio de 2012 (um dia antes da redução do IPI), em 22 de maio de 2012 (um dia depois), em janeiro deste ano (depois da última recomposição do imposto e os aumentos decorridos do acréscimo obrigatório dos equipamentos de segurança) e neste mês. Além da constatação de que hoje os carros com IPI menor custam mais do que quando tinham o imposto integral, outra triste verificação foi a enorme alta de janeiro a agosto, mesmo depois de todas essas recomposições.
QUATRO GRANDES
O levantamento partiu dos preços praticados pelas montadoras tradicionais – Fiat, Ford, GM e VW – e foram pegos como exemplo veículos que não tiveram alterações de estilo de maio de 2012 até hoje. No caso da VW, a reportagem analisou os preços do Fox que, apesar de estar prestes a ser substituído (o novo chega às lojas nos próximos dias), sofreu aumento de 5,66% de janeiro a agosto deste ano. A marca alemã aumentou pelo menos quatro vezes este ano na linha toda, sendo que, desde janeiro, o menor foi de R$ 1,4 mil e o maior, de R$ 3 mil, ambos na família Gol. A Fiat elevou os preços pelo menos três vezes, com alta de R$ 1 mil a até mais de R$ 4 mil, o que não foi diferente na GM que, aliás, é a dona do maior percentual de aumento: Cobalt, 6,76%. A Ford foi um pouco mais modesta e o Fiesta Rocam, que ainda é vendido, mas já deixou a linha de produção para dar lugar ao novo Ka, aumentou “apenas” 2,42% no período. A linha como um todo teve aumento significativo. O EcoSport, conforme a versão, de janeiro a agosto teve reajuste de R$ 2 mil a R$ 6 mil.