Apenas duas semanas depois de ter sua saída anunciada pela matriz da Volkswagen na Alemanha, o presidente da unidade brasileira, Thomas Schmall, confirmou em seu último contato com a imprensa, na noite de 11 de dezembro, que em 2015 “será lançada uma tecnologia global no Brasil”. Não deu mais detalhes “porque tem muito jornalista aqui”, mas foi uma confirmação indireta de que a injeção direta de combustível será adota por modelos da marca no país, o que naturalmente pode se estender à co-irmã Audi.
“Cheguei como alemão e saio como brasileiro”, disse o executivo de 50 anos de idade, à frente da empresa desde 2007. “Tenho 22 anos de Volkswagen, quatro na fábrica da Audi no Paraná e oito em São Bernardo do Campo. Tenho certeza de que vamos virar o jogo”, disse, lembrando os lançamentos já confirmados do Jetta, sedã que será feito em São Bernardo (SP), e do Golf, em São José dos Pinhais (PR). No começo de 2015, na cidade de Wolfsburg, Alemanha, sede do grupo, Schmall passa a ser responsável por Componentes no conselho de administração, onde torna-se o mais jovem executivo a assumir uma das oito cadeiras. Sucede a Werner Neubauer, que se aposenta.
Josef-Fidelis Senn, presidente da VW na Argentina, não mediu as palavras no discurso de despedida: “Você cair no meio de um cardume de tubarões.” E presenteou o colega, significativamente, com uma boleadeira, uma faca, uma cuia de chimarrão “para acalmar” e, “se não for suficiente”, uma garrafa de Angelica Zapata, vinho tinto Malbec de Mendoza, segundo Senn o preferido por Schmall.
No Brasil, o novo presidente da empresa passa a ser o sul-africano David Powels, de 52 anos de idade, até agora presidente da VW na África do Sul. Como Schmall, Powels também já teve uma passagem anterior pelo Brasil, como vice-presidente de finanças e estratégia corporativa. Sua missão não será nada fácil: o Gol pode perder a liderança depois de 27 anos como modelo mais vendido, a VW perdeu participação no mercado e o up! não traduziu sua alta qualidade como produto em números de vendas. Em seu discurso de despedida, Sérgio Reze, presidente da associação dos revendedores da marca, foi direto: “Não esqueça de sua rede de concessionários aqui no Brasil.”